sábado, 2 de junho de 2018

A Mãe de Jesus



A Mãe de Jesus
na história de nossa redenção
e salvação

PARA saber o papel da Mãe de Jesus na história de nossa redenção e salvação é necessário primeiro notar ser ela pessoa singularmente predestinada por Deus. Essa predestinação tem a ver com o significado da criatura humana no plano de Deus, antes e mesmo depois do pecado adâmico. E para bem entender o que estamos a dizer convém fazer leitura atenta, estudo e reflexão de certos trechos da Bíblia, em especial:

GÊNESIS 3,

Porei uma hostilidade entre ti [a Serpente]
e a MULHER,
entre tua linhagem e a linhagem dela.
Ela te esmagará a cabeça
e tu lhe feriras o calcanhar.

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GÁLATAS 4,4

Quando veio a plenitude dos tempos,
Deus enviou seu Filho,
nascido de UMA MULHER,
nascido sob a Lei,
para remir os que estavam sob a Lei,
a fim de que recebêssemos a adoção filial.

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APOCALIPSE 12,1-17

Um sinal grandioso apareceu no céu:
UMA Mulher vestida com o sol,
tendo a lua sob seus pés...
Estava grávida e gritava, entre as dores de parto, atormentada para dar à luz.
Apareceu então outro sinal no céu: um grande DRAGÃO, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres, e sobre as cabeças sete diademas; sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra.

O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse.
Ela deu à luz um filho, um varão, que irá reger todas as nações com um cetro de ferro. Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono.
E a Mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar...

Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o DRAGÃO
[...] Foi expulso o grande Dragão, a antiga SERPENTE, o chamado Diabo ou Satanás, sedutor de toda a terra habitada.

Ao ver que fora expulso para a terra, o Dragão pôs-se a perseguir a Mulher que dera à luz o filho varão...
A Serpente então vomitou água como um rio atrás da Mulher...
Enfurecido por causa da Mulher,
o Dragão foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes,
os que observam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus.

DEVE-SE notar no trecho a seguir o querer de Deus para cada um de nós. Portanto, também para aquela que seria e foi a Mãe do Filho do Altíssimo.

CARTA AOS EFÉSIOS 1,3-6

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, 
que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, 
nos céus, em Cristo. Nele ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor
Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória de sua graça com a qual ele nos agraciou no Amado.

Então, segundo Paulo,  o querer de Deus é nos abençoar não com "muitas", mas com "toda" a sorte de bênçãos espirituais. E duas são as coisas a serem notadas:

(1) Primeiro, o tempo verbal no passado. Paulo não diz que Deus nos abençoará, mas sim que Ele já nos abençoou com toda a sorte de bênçãos. E frisa: “Ele nos escolheu antes da fundação do mundo”.

Tal afirmação  surpreende, pois ainda não nos vemos com os efeitos dessa chuva de bênçãos. Não nos sentimos “encharcados”. Mas isso se deve ao fato de o pecado ainda nos manter entocados em cavernas. Nós nos  revestimos loucamente com a capa do pecado que nos torna impermeáveis a Deus.

(2)  Segundo, chama atenção a magnitude de bênçãos que Deus quer para cada um de nós. Ele é magnânimo. Ele quer nos abençoar de forma abundante. Deus está disposto a derramar sobre cada um de nós, mesmo depois de vitimados pelo pecado adâmico, “toda a sorte de bênçãos”. 
E se nota também Sua fidelidade ao Seu próprio querer. 
E isso é a essência de toda a Boa Nova.

AINDA MAIS:  Deus nos quer diante d’Ele, “irrepreensíveis no amor”. Quer dizer, Ele nos quer “santos”. Portanto, a “santidade” não é um acessório, mas, ao contrário, algo primordial  que perdemos com o pecado original.  
Mas mesmo assim  Deus continua fiel ao querer que sejamos santos. 

Santidade não é uma virtude no caráter de alguém, mas a medida do quanto essa pessoa é dócil ao Espírito Santo
Portanto, pessoa santa é aquela que, movida pelo Espírito Santo, ouve e se esforça para obedecer a Deus. E, claro, há nisso uma medida. Se o querer de Deus para todos é o mesmo, a medida em cada um depende do quanto cabe em cada um. 
Nós, católicos, vemos os evangelistas Lucas, João e Mateus apresentar em seus respectivos evangelhos a Mãe de Jesus como criatura com máxima medida.

POR OUTRO LADO, da fala de Paulo aos efésios vê-se que o “estar diante de Deus” é, em si, graça. Que torna-se mais abundante porquanto o que  Deus quer com essa graça é nos adotar como “filhos”, nos fazer deixar de ser meras criaturas. 

Ora, a “adoção” nem é por acidente nem por mérito nosso, ou seja, por direito, mas, puramente, por graça, pelo beneplácito de Deus; é algo querido e determinado por Ele. Tanto que Paulo afirma termos sido “predestinados” para isso. Nossa adoção é graça sobre graçaE Deus  o faz para louvor e glória da própria Graça com a qual Ele nos agraciou no “Amado”.

Esse tão grande Amor de Deus é algo que faz certamente o Dragão, a antiga Serpente, ranger os dentes.

MAS O QUE tudo isso tem a ver com Maria, a Mãe de Jesus? 
A resposta nos vem do Evangelho de Lucas. Por meio dele sabemos que em certo momento da história humana o anjo Gabriel se apresentou a alguém em Nazaré da Galiléia. Seu nome: Maria.  No entanto, ao invés de o anjo logo dirigir-se a ela tomando-a pelo nome o fez tratando-a com o termo “agraciada”, no sentido de portadora daquela Graça com a qual Deus nos predestinou no Seu “Amado”, ou seja, agraciada com a magnitude vista em Efésios 1, 3-6
Ora, diante do que se segue no relato lucano devemos nos perguntar em que medida Maria se encontrava “agraciada”. Seria na mesma medida do quanto fora Moisés, Abraão, Elias..., e todas as demais veneráveis figuras bíblicas, com exceção do Senhor? 
A resposta certa não nos vem do que pensamos e sim do que o próprio Evangelho de Mateus, Lucas e João vai progressivamente mostrar a quem sabe lê-los.

Chamo atenção para o fato de que Maria, a “mulher” da "plenitude dos tempos", era, no momento da Anunciação, apenas uma “mocinha”; alguém com cerca de catorze anos de idade. Ou seja, alguém que há pouco saíra da infância. E o anjo diz ser ela, já naquele momento, portadora do maior agraciamento já dado a alguém. E se acha agraciada de forma máxima por conta de uma específica "missão"; pois é o que significa biblicamente a expressão "o Senhor está contigo". Aquela “mocinha” foi chamada a ser a mãe do Filho do Altíssimo.

Ora, que preparo humano tinha ela, quase criança, para receber tão grande missão? Que preparo teria para sequer um diálogo de tal porte com “o divino”? Pois, com efeito, o anjo Gabriel falava em nome de Deus. 
Repito, que preparo aquela “mocinha” já possuía para poder tomar tão grave decisão? Uma decisão de vida ou morte, em benefício de toda a humanidade. 
Estudando Lucas ver-se-á que, ou ele mentiu sobre a estatura espiritual dela (ato impossível a um evangelista) ou estamos diante de alguém especialmente preparada por Deus.

NESTE PREÂMBULO não vamos adiantar um estudo sobre a largueza e profundidade do Evangelho de Lucas; mostrar o caráter excepcional de Maria de Nazaré; aquela que repetidamente é referida nos quatro Evangelhos como, propriamente, “a mãe do Senhor”; mesmo após a advertência de Jesus em Cafarnaum de que só se considerasse “mãe” d’Ele, e “irmãos” d’Ele, a partir do sinal de santidade; a saber, o testemunho de ouvir e obedecer a Deus. Ou seja, como dito em Apc 12,17: Os que observam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus.
Ora, em que medida, pergunto de novo, depois de conviver por trinta anos com o Senhor, Maria mostrou-se agraciada à Igreja ainda no tempo dos apóstolos? 
Respondo: mostrou-se  uma pessoa crente tão singular que, mais do que ser considerada “irmã” dos discípulos deveria ser reconhecida, propriamente, “a mãe do Senhor”.

Adiantemos logo uma conclusão: Maria não foi simplesmente escolhida, mas escolhida por predestinação para conceber, não só em seu ventre, mas em seu seio, quer dizer, em sua alma, em sua própria essência, Aquele que é o próprio "Amado" do Pai; Aquele no qual somos abundantemente agraciados com toda a sorte de bênçãos espirituais

Entende-se, portanto, que antes de nós Maria teve antecipada, por conta de sua singular e excelsa missão no processo da redenção humana, toda a sorte de bênçãos espirituais, conforme o beneplácito da vontade de Deus;
 para louvor e glória da graça com que somos agraciados no Seu Amado Filho.

Teremos neste blog oportunidades para aprofundar esse assunto.




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