O aparente silêncio sobre Maria
nos evangelhos
O
NOVO TESTAMENTO refere a Mãe de Jesus em sete
dos seus vinte e sete livros:
·
nos
quatro Evangelhos,
·
nos
Atos dos Apóstolos,
·
na
epístola de Paulo aos Gálatas
·
e no
Apocalipse.
Dando-se ao trabalho de contar as
passagens, vinte e cinco são os trechos:
·
um em
Paulo;
·
três
em Marcos;
·
sete
em Mateus;
·
nove
em Lucas;
·
três
em João;
·
um nos
Atos dos Apóstolos
·
e um
no Apocalipse.
No entanto, a dimensão da mariologia não
tem relação com a quantidade, mas sim com
os conteúdos.
Com efeito, várias são as figuras
veneráveis, lendárias ou não, fortemente estabelecidas na tradição do credo
judaico.
Refiro-me aos profetas, aos patriarcas,
heróis e heroínas judias. Todos citados nominalmente em diversas passagens
bíblicas. É o caso de Abraão e de Moisés.
O primeiro, temo-lo como pai de
nossa fé (Rm 4,11-12.16), ou seja, o “padrão ouro” dessa virtude
absolutamente necessária para a tessitura do povo de Deus. Bastaria tal
referência para sabermos de sua eminência.
Moisés, por seu lado, é venerado como o mediador, aquele que recebeu e passou ao povo de Deus o fundamento
daquilo que veio a se constituir no verdadeiro tesouro da vida comunitária do
povo de Deus, a Lei, contendo a vontade e os desígnios do Altíssimo.
Pois, então, sobre a Mãe de Jesus algo mais denso e profundo encontra-se no Evangelho.
A Mãe
de Jesus não entrou por acaso, de forma incidental nos evangelhos de Mateus, Lucas e João. Ao contrário, esses evangelistas
fizeram, na verdade, uma espécie de parênteses
para chamar nossa atenção sobre ela. E isso é muito significativo.
Não considero poucos os textos que a ela se referem. Embora, a bem da
verdade, nenhum faz exaltação clara e direta. O que se explica
pelo contexto em que foram escritos, em função do absoluto e plenamente
justificado cristocentrismo; por
conta do qual não se permitia outra atitude. Com efeito, a evangelização inicial se
desenvolvia com o mais absoluto cuidado cristocêntrico; e para sequer parecer
de outro modo.
No entanto, e exatamente por isso, por
conta desse extremo cuidado, é relevante encontrar certas expressões referentes
à mulher escolhida pelo próprio Deus para
ser a mãe do Salvador. Pois sabemos dos evangelhos que ela entrara na convivência dos discípulos no momento
crucial da vida deles, quando tiveram que assumir a grave missão de construir a
Igreja de Cristo.
E sua imagem, digo melhor, o conhecimento da pessoa, Maria, até então só vista como a distante genitora de Jesus, isso tanto se impôs à visão espiritual que estava a se desenvolver neles que o impacto disso fez com que três dos quatro evangelistas ousassem registrar o que eles e suas comunidades pensavam dela; fazendo, cada um ao seu modo, uma mariologia positiva; mesmo que ainda de forma velada.
E sua imagem, digo melhor, o conhecimento da pessoa, Maria, até então só vista como a distante genitora de Jesus, isso tanto se impôs à visão espiritual que estava a se desenvolver neles que o impacto disso fez com que três dos quatro evangelistas ousassem registrar o que eles e suas comunidades pensavam dela; fazendo, cada um ao seu modo, uma mariologia positiva; mesmo que ainda de forma velada.
De fato, considerando ser Maria figura
feminina, dentro de uma cultura androcêntrica, quero dizer, masculinista, e ao
analisar os versículos que a ela se referem em três dos quatro evangelhos logo se nota grande inquietação nos primeiros cristãos.
Inquietação que pode ser traduzida por veneração; passível de verificar o quanto supera em largueza e profundidade a veneração a todos os demais personagens bíblicos.
Com exceção, é claro, do Senhor.
Inquietação que pode ser traduzida por veneração; passível de verificar o quanto supera em largueza e profundidade a veneração a todos os demais personagens bíblicos.
Com exceção, é claro, do Senhor.
Do livro (no prelo):
Segundo as Escrituras:
A Mãe de Jesus, um Capricho de Deus
Autor: Ivo Mariano
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.